O mundo está menor - ou assim parece - com a globalização. A grande explosão do comércio internacional e a mobilidade, impulsionados enormemente pelas novas tecnologias da informação e comunicação, têm imposto uma realidade a todas as sociedades: todos precisam aprender a se comunicar eficaz e instantaneamente.
De acordo com um estudo conduzido pela União Européia, publicado em fevereiro de 2006, 56% dos cidadãos dos países membros disseram que são capazes de manter uma conversa em uma língua diferente da nativa. São nove pontos a mais do que foi levantado em 2001 entre os quinze estados membros da época. Em Luxemburgo, 99% dos cidadãos indicaram que falam pelo menos outra língua; na Eslováquia são 95%. O inglês permanece no posto de língua mais falada na Europa. 38% dos cidadãos da União Européia possuem habilidade suficiente para manter conversas em inglês. Em dezenove dos vinte e nove países pesquisados, o inglês é a língua mais conhecida excluindo-se a língua nativa. Esse é particularmente o caso da Suécia (89%), de Malta (88%) e da Holanda (87%). [1]
Em função da internacionalização dos mercados e da necessidade de alimentação dos meios convergentes de comunicação, milhares de mensagens e documentos de todos os tipos são traduzidos, por hora, em todo o mundo. Essa situação trouxe importantes e profundas mudanças para as áreas de comunicação e de tradução e, conseqüentemente para os profissionais que atuam nessas profissões.
Estima-se que, em função da dominação tecnológica, que só faz crescer ano após ano, mais de 75% dos tradutores profissionais estejam ocupados com textos técnicos. Além disso, nos últimos anos, novos e promissores campos de trabalho surgiram para os profissionais de tradução, dentre os quais se podem citar: gerenciamento de conteúdo multimídia e multimeios, documentação multilíngüe e localização de softwares.
Ou seja, tradutores trabalham, muitas das vezes de forma invisível, aos milhares, para alimentar de informações os diferentes setores produtivos, reprodutivos e de comunicação, no mundo inteiro.
A nova ordem mundial, em função principalmente dos riscos financeiros, sociais e ambientais, em escala global, transformou a comunicação em uma das mais importantes e fundamentais ferramentas estratégicas não só para empresas e setores, mas também nações. No mundo globalizado a tradução transformou-se em uma poderosa ferramenta de comunicação intercultural, estratégica e imprescindível.
A necessidade de gerenciamento de mensagens múltiplas, em várias línguas, destinadas a várias culturas e públicos, meios e canais diferentes, vêm transformando, radicalmente, o entendimento do papel da comunicação e, conseqüentemente, da tradução.
A convergência e a instantaneidade dos meios estão transformando completamente a forma de se fazer comunicação. As novas mídias requerem que a comunicação ocorra em tempo real e um de seus pressupostos é justamente que as informações/ mensagens possam ser vistas em qualquer parte do mundo, por qualquer pessoa, em qualquer cultura, bastando para isso que se tenha acesso a um celular ou à rede mundial de computadores. Além disso, muito mais do que em qualquer outra época, vivemos em um mundo intersemiótico, dado que os meios de comunicação lidam simultaneamente com textos, imagens, hipertextos, som, e o que mais a imaginação permitir.
Em um mundo dominado pelos sistemas de comunicação em tempo real -- os quais determinam não só a estrutura das organizações, mas também a velocidade de resposta que elas devem dar ao mercado e à sociedade - pode-se afirmar que o meio é a mensagem como previu Marshall McLuhan[2] no fim dos anos 60, do século passado. Portanto, a tradução no século XXI, na era das telecomunicações e da Internet, é processo dinâmico que pressupõe descontextualização e recontextualização de informações para que se obtenha uma retextualização culturalmente climatizada das mensagens transnacionais.
Para finalizar, deve-se apontar que, a cultura, como processo de comunicação que é protagonizado por agentes interpretantes, subsiste porque um sistema de significação é estabelecido. Esse raciocínio fecha o círculo multidisciplinar que se desenha entre a comunicação e a tradução.
[1] Special Eurobarometer 243 / Wave 64.3 – TNS Opinion & Social - Europeans and their Languages -Fieldwork: November – December 2005 - Publication: February 2006
[2] Marshall McLuhan foi o criador da idéia de "aldeia global" e trouxe um novo enfoque à educação, baseado em suas teorias sobre comunicação. Também foi responsável pelos conceitos de impacto sensorial e o meio é a mensagem - como metáforas para a sociedade contemporânea.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário