sábado, 6 de dezembro de 2008

A delicadeza de uma rara flor carioca

Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos.

Escreveria mais tarde:

(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano.'

Cecília Meireles, rara flor carioca, é elegante, delicada e contundente. Poeta, escritora e tradutora, publicou mais de 50 obras entre prosa, poesia e teatro, além de ter traduzido peças teatrais de Federico Garcia Lorca, Rabindranath Tagore, Rainer Rilke e Virginia Wolf.

A seguir, um texto do qual especialmente gosto:

O Fim do Mundo
Cecília Meireles

A primeira vez que ouvi falar no fim do mundo, o mundo para mim não tinha nenhum sentido, ainda; de modo que não me interessava nem o seu começo nem o seu fim. Lembro-me, porém, vagamente, de umas mulheres nervosas que choravam, meio desgrenhadas, e aludiam a um cometa que andava pelo céu, responsável pelo acontecimento que elas tanto temiam.

Nada disso se entendia comigo: o mundo era delas, o cometa era para elas: nós, crianças, existíamos apenas para brincar com as flores da goiabeira e as cores do tapete.

Mas, uma noite, levantaram-me da cama, enrolada num lençol, e, estremunhada, levaram-me à janela para me apresentarem à força ao temível cometa. Aquilo que até então não me interessava nada, que nem vencia a preguiça dos meus olhos pareceu-me, de repente, maravilhoso. Era um pavão branco, pousado no ar, por cima dos telhados? Era uma noiva, que caminhava pela noite, sozinha, ao encontro da sua festa? Gostei muito do cometa. Devia sempre haver um cometa no céu, como há lua, sol, estrelas. Por que as pessoas andavam tão apavoradas? A mim não me causava medo nenhum.

Ora, o cometa desapareceu, aqueles que choravam enxugaram os olhos, o mundo não se acabou, talvez eu tenha ficado um pouco triste - mas que importância tem a tristeza das crianças?

Passou-se muito tempo. Aprendi muitas coisas, entre as quais o suposto sentido do mundo. Não duvido de que o mundo tenha sentido. Deve ter mesmo muitos, inúmeros, pois em redor de mim as pessoas mais ilustres e sabedoras fazem cada coisa que bem se vê haver um sentido do mundo peculiar a cada um.

Dizem que o mundo termina em fevereiro próximo. Ninguém fala em cometa, e é pena, porque eu gostaria de tornar a ver um cometa, para verificar se a lembrança que conservo dessa imagem do céu é verdadeira ou inventada pelo sono dos meus olhos naquela noite já muito antiga.

O mundo vai acabar, e certamente saberemos qual era o seu verdadeiro sentido. Se valeu a pena que uns trabalhassem tanto e outros tão pouco. Por que fomos tão sinceros ou tão hipócritas, tão falsos e tão leais. Por que pensamos tanto em nós mesmos ou só nos outros. Por que fizemos voto de pobreza ou assaltamos os cofres públicos - além dos particulares. Por que mentimos tanto, com palavras tão judiciosas. Tudo isso saberemos e muito mais do que cabe enumerar numa crônica.

Se o fim do mundo for mesmo em fevereiro, convém pensarmos desde já se utilizamos este dom de viver da maneira mais digna.

Em muitos pontos da terra há pessoas, neste momento, pedindo a Deus - dono de todos os mundos - que trate com benignidade as criaturas que se preparam para encerrar a sua carreira mortal. Há mesmo alguns místicos - segundo leio - que, na Índia, lançam flores ao fogo, num rito de adoração.

Enquanto isso, os planetas assumem os lugares que lhes competem, na ordem do universo, neste universo de enigmas a que estamos ligados e no qual por vezes nos arrogamos posições que não temos - insignificantes que somos, na tremenda grandiosidade total.

Ainda há uns dias a reflexão e o arrependimento: por que não os utilizaremos? Se o fim do mundo não for em fevereiro, todos teremos fim, em qualquer mês...

Texto extraído do livro "Quatro Vozes", Distribuidora Record de Serviços de Imprensa - Rio de Janeiro, 1998, pág. 73.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

De Gutenberg à Mona Lisa - Europa lança site cultural gratuito com 2 milhões de itens

A União Européia lançou um arquivo digital na internet com mais de dois milhões de itens da cultura européia que estão expostos em mais de mil museus, bibliotecas, galerias de arte e arquivos do continente.
O site Europeana - no endereço dev.europeana.eu - inclui filmes, fotos, pinturas, mapas, arquivos sonoros e textos, todos disponíveis gratuitamente.
Até 2010, quando o projeto estiver totalmente concluído, os organizadores do site prometem oferecer mais de 10 milhões de obras.

Os internautas podem navegar pelo site em mais de 20 línguas – entre elas, o português.
O arquivo já conta com itens tão diversos como receitas da culinária francesa, textos de Homero ou imagens digitalizadas de manuscritos de Beethoven.
Segundo a comissária da União Européia para Informação e Mídia, Viviane Reding, o site permite que internautas vejam a Bíblia de Gutenberg ou a Mona Lisa sem precisar ir ao British Museum, em Londres, ou ao Museu do Louvre, em Paris.
"O Europeana dá acesso digital à história da Europa, seja a que está nas bibliotecas, nos arquivos ou nos museus, tanto de imagens, sons como filmes", disse o diretor de coleções européias e americanas do British Museum, Stephen Bury.
Centenas de instituições contribuíram para o site. O Instituto Nacional de Audiovisual da França contribuiu com mais de 80 mil gravações de áudio e vídeo do século 20, inclusive de imagens das primeiras batalhas da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/11/081120_europeana_dg.shtml

Lojas de luxo de São Paulo atendem melhor que as de Paris, diz estudo

Daniela Fernandes
De Paris para a BBC Brasil

Um estudo realizado por uma empresa de marketing francesa sobre os serviços de lojas de luxo nas mais renomadas ruas e avenidas de comércio do mundo coloca São Paulo em melhor posição do que Paris, Milão e Mônaco.
As ruas Oscar Freire e Bela Cintra e a avenida Faria Lima, em São Paulo, ficaram em oitavo lugar no ranking de 16 cidades analisadas pela Présence, que realiza estudos internacionais sobre a qualidade dos serviços de empresas utilizando auditores “disfarçados” de clientes normais.
A classificação das ruas paulistanas é melhor do que as de outros tradicionais centros de luxo do mundo.
A área da Praça do Cassino, em Mônaco, obteve o 12º lugar, seguida pela renomada Via Montenapoleone, em Milão, que ficou na 13ª colocação.
A célebre avenida Champs-Elysées, em Paris, foi a última colocada, em 16º lugar, com seis pontos a menos do que as ruas avaliadas de São Paulo.
Atendimento glacial
Segundo o estudo da Présence, o atendimento dos lojistas da Champs-Elysées é “glacial”.
De acordo com a empresa, nessa avenida “os vendedores não se interessam pelos clientes e não pedem desculpas por deixá-los esperando”.
A primeira colocada no ranking foi a avenida Rodeo Drive, em Beverly Hills, Los Angeles, EUA, com 11 pontos a mais do que as ruas de São Paulo.
O estudo, que analisou 500 lojas de luxo e restaurantes em 16 cidades, levou em conta outros critérios além do atendimento dos lojistas: a rapidez para pagar no caixa, a fachada das butiques, a limpeza das ruas e até a maneira como os pedestres respondem a pedidos de informação.
Apresentação
“As lojas de São Paulo ficaram bem posicionadas no quesito atendimento e serviços. Mas há falta de mão-de-obra qualificada em restaurantes para atender um público mais exigente”, disse à BBC Brasil Cristiane Sand, responsável pela visita aos pontos de venda em São Paulo.
“Algumas lojas estão mal conservadas e não inovam muito na apresentação de seus produtos nas vitrines. A parte externa das butiques não é convidativa, sendo um dos critérios que afetou a pontuação de São Paulo”, afirma Sand, coordenadora de projetos da Market Analysis Brasil.
Ela diz que a rua Oscar Freire, por exemplo, apesar da recente melhoria das calçadas, ainda precisaria criar um ambiente mais charmoso e atrativo em termos de estilo e moda para acolher lojas conceituadas internacionalmente.
O estudo revela também que a Via Montenapoleone, em Milão, foi o local em que os pedestres foram menos cooperativos em dar informações em geral.
Já na Champs-Elysées, apesar do último lugar no ranking, as pessoas foram mais solícitas em fornecer informações. A limpeza da avenida parisiense também teve uma avaliação positiva no estudo.


Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/12/081129_ruasdeluxo_df_cq.shtml

Rolling Stones faz parceria com Youtube

Mick Jagger e Keith Richards, dos Rolling Stones, promoverão um canal de música lançado pela banda, em parceria com o site YouTube.

Fonte:www.estadao.com.br/interatividade/multimidia