Conviver de maneira próxima com adolescentes é sempre muito divertido. Eles são 'fresh', tendem a ser menos preconceituosos, mais abertos às novidades e nos fazem pensar e repensar muitas coisas. O tema dos últimos dias foi conquista e namoro. Divertido, não?
Tudo começou com uma conversa entre minha filha e sua melhor amiga, ambas com catorze anos, quando voltávamos de uma pizza na Lagoa (da Conceição, em Florianópolis). Conversa vai, conversa vem, eis que uma diz: "depois daquela história de entrar no MSN dizendo 'bom dia maravilha!', surtei. Achei o cara tão ridículo, tão nada a ver, que decidi terminar tudo naquele momento mesmo".
Perguntei, intrigada, se o que o que a incomodava era o fato de ele ser ridículo mesmo ou se era o fato de tê-la elogiado - de uma forma talvez um pouco exagerada, ou até mesmo cafoninha, mas, ainda assim, um elogio. Como conheço a personagem em questão, afirmo com certeza, de que se trata de um menino doce, educado, daqueles que qualquer mãe acha uma graça; portanto, sei que não se trata de um babaquinha qualquer, do tipo conquistador de churrascaria. Ela não soube responder a minha pergunta de imediato e soltou um "sei lá, mãe! que pergunta!'.
Fiquei pensando, no quanto as pessoas, de um tempo pra cá, estão desaprendendo a conquistar, e sempre prontas a ridicularizar e rejeitar qualquer tipo de elogio. No caso de uma aproximação afetiva, especificamente, seja de amizade ou aquela mais complexa que envolve uma conquista amorosa, tem-se, de um lado, as mulheres, sempre prontas a se fazerem de superiores, inalcansáveis, e, de outro, os homens cada vez menos hábeis e grosseiros.
No caso feminino, esse comportamento não está associado à feminilidade, ao charme, à delicadeza e ao mistério de outros tempos. Não. Em alguns casos, está muito mais próximo a um terrível problema de auto-estima que assola todas aquelas que não se sentem enquadradas exatamente no tipo sexy/ provocante - que podem ser de todos os tipos, é bom que se diga: altas, baixas, magras e gordas, inteligentes ou menos privilegiadas. Independe. Portanto, falo das mulheres comuns, daquelas que não chamam atenção necessariamente por sua aparência ou comportamento ruidoso e/ ou espalhafatoso. Quando um homem se aproxima com uma conversa um pouco mais envolvente, ou faz um elogio, opa! perigo, deve estar querendo me sacanear, se exibir para os amigos, ou, na pior e mais sombria das hipóteses, vai me conquistar e partir meu coração.
Do outro lado temos os homens...Ah, os homens...Estão se tornando tão grosseiros, tão utilitaristas em relação às mulheres...Morro de pena de todos aqueles que ainda guardam em si uma alma romântica, dos cavalheiros, dos poetas, dos gentis homens...Acreditem, mulheres (e homens), eles existem. Tenho um longo currículo de amigos de uma vida inteira, além de um irmão canceriano, um filho libriano, sem contar o marido aquariano. Tenho especial apreço pelas amizades masculinas. Homens amigos são fiéis, leais, nos amam sem restrições, são gentis, não se furtam a mostrar seu lado mais frágil e nos deixam cuidar deles. Isso mesmo, cuidar. Homens de verdade, com H, adoram ser cuidados. E uma mulher de verdade, com M, também gosta de cuidar. Não adianta dizer o contrário, a natureza sempre fala mais alto.
Tenho uma amizade masculina, em especial, que já completou 25 anos. Ou seja, já fiz bodas de prata com este amigo antes de fazer com o meu próprio marido! Nos chamamos, carinhosamente, de meu velho e minha velha, pois temos a certeza de que envelheceremos juntos - aliás, sabíamos disso desde que éramos adolescentes. Já moramos perto e longe, já tivemos alegrias e decepções amorosas aos montes - no caso dele, já casou e descasou - enfim, é a história de uma relação homem e mulher de muito sucesso. É bom que se diga que meu marido tornou-se amigo dele também e convive afetiva e respeitosamente com a nossa velha amizade.
Comento isso porque me lembro que somos de uma geração já bem menos romântica, bem menos gentil do que a de nossos pais e avós, mas, mesmo assim, também me lembro de ter tido uma adolescência muito feliz, cheia de paqueras românticas, festinhas, ensaios de banda de rock na casa dos amigos, bilhetinhos fofos passados durante as aulas, essas coisas que valem a pena serem relembradas.
Embalados pela Blitz, Paralamas, Capital, Legião, fora o pop (ainda) romântico do The Cure, Lloyd Cole, entre outros tantos, namorávamos, sofríamos e também éramos felizes. O Paulo Ricardo (aquele mesmo do RPM) falava princesa no meio de uma canção e as meninas deliravam, o achavam o máximo. Havia uma aura de conquista que ainda pairava no ar. Se fosse hoje, acho que as adolescentes jogariam ovo nele. 'Cara ridículo. Papo de pagode baixa renda', diriam...
Ah...os tempos definitivamente são outros e eu, definitivamente, estou ficando velha. Mas, ainda assim, uma velhinha romântica, com muito orgulho.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
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