Foto: Patrícia Fanaya
Eu fui - confesso que mais por causa da minha filha do que por mim mesma. Desconfio um pouco de velhinhos saltitando e berrando pra lá e pra cá. Gosto do som dos caras. Sempre gostei. A desconfiança é em relação `a idade mesmo. Shows em estádios lotados não combinam com senhores barrigudinhos, carecas e, vamos lá, acabadinhos em função de uma vida cheia de excessos. Entretanto, essa é uma posição muito pessoal - minha filha, que está sendo devidamente iniciada nessa vida de shows, não compartilha dela.
Bem, vamos aos pontos positivos: a pontualidade foi britânica - `as 21h e 30min o show começou, o que é bastante incomum em shows de rock, ainda mais em estádios. A multidão de chifrudos-vagalumes urrava em êxtase. O palco estava bem arrumado e a luz, impecável. O filme de animação que rolou nos telões foi muito bem produzido. A lista das músicas já havia sido motivo de muitos comentários em sites especializados e na blogosfera: alguns defenderam a seleção conservadora e repetitiva do grupo e outros se revoltaram de o repertório ser sempre o mesmo, por anos a fio. Pessoalmente, tendo a defender a posição conservadora: acho que a grande maioria das pessoas vai aos shows para ouvir (e, no Brasil, em especial, cantar muito!) os sucessos do passado; músicas novas e desconhecidas, em shows, costumam causar uma baixa de energia e uma certa dispersão na galera.
Quanto aos pontos negativos...bem, para uma pessoa experiente e com um mínimo de ouvido, o som estava péssimo. Os instrumentos se embolavam com a voz de Brian Johnson, o que fez com que, em muitos momentos, se demorasse a entender que música estava sendo executada. Conforme o tempo ia passando, o som ia sendo ajustado. Imperdoável, na minha opinião, que uma banda desse calibre não tenha acertado o som antes do show. Achei uma vergonha e, disparado, o que houve de pior em todos os shows desse porte que eu já assisti - e olha que não foram poucos. Outra coisa que me incomodou foi constatar que, apesar dos esforços de Angus Young, a banda fez um show burocrático, 'by the book', sem entusiasmo e sem comunicação com o público. No final, o bis (que nem foi tão pedido assim) foi de duas músicas e pronto. A multidão foi se dispersando sem insistir nem um pouco para que a banda voltasse ao palco.
Para minha surpresa, no dia seguinte, os jornais de maior circulação e os portais na internet foram só elogios e nada mais. Sei lá, acho que estou ficando velha e exigente demais; ou será que não se pode mais fazer críticas por aqui?
Ainda assim, acredito que uma banda como o AC/DC que já vendeu cerca de 200 milhões de cópias em todo o mundo; que produziu um álbum como Back in Black, que vendeu até hoje cerca de 43 milhões de cópias em nível mundial, fazendo dele o 2º álbum mais vendido de todos os tempos e o 5º mais vendido nos Estados Unidos; que ficou em quarto lugar na lista da VH1 dos "100 Maiores Artistas de Hard Rock; e que foi considerada pela MTV a 7ª "Maior Banda de Heavy Metal de Todos os Tempos", deve saber o que ainda pode fazer. Ou não.
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